segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Eu entre aspas

"Porque não querer pra mim tem a força de mil mundos e mal estar pra mim tem a dor de mil mundos e não ir com a cara de alguém, pra mim, tem a ojeriza de mil vidas."

Tati Bernardi

sexta-feira, 19 de setembro de 2008

Diferícil

É sempre difícil ser diferente. Não aquele diferente cool, interessante, mas o que vai contra a maioria num sentido mais "complexo". Por exemplo: deve ser difícil ser um republicano em meio a democratas. E vice versa. Assim como é difícil gostar de pagode numa turma que gosta de rock. Ou querer falar sobre um livro num salão de beleza em que todo mundo conversa sobre a novela. Da mesma forma, é difícil ficar feliz no meio de um monte de gente triste, deprimida e irritada - difícil e cansativo, porque você fica lá sorrindo, tentando levantar o humor da galera e a única coisa que sobe é a nuvem negra que vai chover em cima de você já já. E é difícil também ser águia no meio de um monte de galinhas. Tanto que aquela lá, do Rubem Alves, fez de tudo pra não ser águia e parecer com as suas companheiras, traindo sua espécie, aparência e instintos. Porque é difícil, meu povo. Ser ave de rapina sorridente e curiosa criada em galinheiro tradicional, e por vezes até rabugento, é difícil. Mas vamo tentando aí.

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

terça-feira, 9 de setembro de 2008

Tem dias em que eu sou alguém que redaciona a vida com facilidade e como necessidade. Gente que põe em letras tudo que vem em gestos, fatos e até no vento. Mas tem dias em que eu gosto mais de ler os dias de outros, que tem dias que redacionam a vida com facilidade e como necessidade.

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

Fernando Pessoa. Eu também.

Não sei quantas almas tenho.
Cada momento mudei.
Continuamente me estranho.
Nunca me vi nem acabei.
De tanto ser, só tenho alma.
Quem tem alma não tem calma.
Quem vê é só o que vê,
Quem sente não é quem é,

Atento ao que sou e vejo,
Torno-me eles e não eu.
Cada meu sonho ou desejo
É do que nasce e não meu.
Sou minha própria paisagem;
Assisto à minha passagem,
Diverso, móbil e só,
Não sei sentir-me onde estou.

Por isso, alheio, vou lendo
Como páginas, meu ser.
O que segue não prevendo,
O que passou a esquecer.
Noto à margem do que li
O que julguei que senti.
Releio e digo : "Fui eu ?"
Deus sabe, porque o escreveu.