Eu não sou o que eu faço, não sou aonde eu vou. Não sei mais se sou o que eu visto ou o que eu como.
Não sou meu emprego, não pertenço àquele espaço. Não sou meu trabalho e às vezes nem estou lá. Não sou meus colegas, que eu não conheço. Não sou meus amigos, que muitas vezes nem sei quem são.
Eu não sou minhas escolhas, porque eu ando fazendo todas sem meus critérios. Eu não sou mais meus critérios.
Eu não sou a música que eu escuto, o filme que eu vejo, o show que eu assisto. Não sou o texto que eu escrevo. Nem o que eu leio.
Eu não sou o meu sorriso, que some com freqüência. Eu já não sei do que rir. Eu não sou minhas lágrimas, que aparecem bastante, por motivos que eu também não sei nomear. Eu não sou minha raiva, que nunca vai embora, mas nunca dá as caras de verdade.
Eu não sou minha presença, tampouco sou minha ausência.
Eu não sou minha casa antiga, nem meu apartamento novo. Não sou os móveis da sala, a roupa de cama do quarto, os produtos no banheiro, o recheio do meu guarda roupa. Não sou o que eu uso nem o que abusa de mim.
Não sou o dinheiro que eu invisto. Não sou as compras que eu faço. Não sou os bens que eu acumulo nem os que eu dispenso.
Eu não sou o que me cerca todos os dias. Nem o que se afasta de mim.
Acho que não sou nem mesmo todas as minhas perguntas. Minhas respostas, não sou eu. Meus comentários, meus questionamentos, minhas críticas. Nada disso sou eu.
Eu não sou mais meu passado. Eu não sei quem é meu futuro. E eu definitivamente não sou meu presente.
Eu sou essas palavras. E quando elas acabarem, eu já não sei quem eu serei. E nem pra onde eu fui quando não estiver mais aqui.
segunda-feira, 25 de abril de 2011
quarta-feira, 20 de abril de 2011
segunda-feira, 18 de abril de 2011
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segunda-feira, 11 de abril de 2011
quinta-feira, 7 de abril de 2011
terça-feira, 5 de abril de 2011
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